
Em 1941, era-lhe concedida a autorização diocesana do Bispo de Madrid, e em 1943, é fundada a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz – em que sacerdotes fora do Opus Dei, podem continuar a receber formação da Obra. Em 1950, são promulgadas as primeiras constituições pelo Papa Pio XII, que reconhece ao Opus Dei a sua formação oficial – o Opus Dei obtém, igualmente, a a sua sede em Roma: “queremos estar com Pedro, porque com ele está a Igreja, com ele está Deus; e sem ele não está Deus. Por isso eu quis romanizar a Obra”, dizia S. Josemaría.
Faleceria em Roma, com 73 anos de idade, em Junho de 1975. O Opus Dei seria oficialmente elevada a prelatura pessoal em 1982. A beatificação de S. Josemaría deu-se em Maio de 1992, com o Papa João Paulo II – tendo sido canonizado pelo mesmo Sumo-Pontífice, dez anos depois.
S. Josemaría é um santo cujo exemplo nos poderia remeter ao título de “o santo da normalidade” - como muitos o apelidam. Essa normalidade: em encontrar, precisamente, nas coisas quotidianas, a fonte de santificação: "Onde estiverem as vossas aspirações, o vosso trabalho, os vossos amores, é aí que está o sítio do vosso encontro quotidiano com Cristo. É no meio das coisas mais materiais da terra que devemos santificar-nos, servindo Deus e todos os homens. Na linha do horizonte, meus filhos, parecem unir-se o céu e a terra. Mas não; onde se juntamdeveras é nos vossos corações, quando viveis santamente a vida de cada dia...".
O seu legado para nós, Cristãos, resume-se, na prática, às suas próprias palavras: “queres, deveras, ser santo? Faz o que deves, está no que fazes”.


S. Josemaría nasceu a 9 de Janeiro de 1902, em Barbastro (na actual Catalunha, Espanha), no seio de uma família tipicamente Católica. Com dois anos de idade, no entanto, viria a padecer de uma doença grave, que
os próprios médicos afirmariam ser mortal – dando apenas algumas horas de vida ao bebé.
Os seus pais, no entanto, rezavam pela sua recuperação, e entregavam o seu filho nas mãos de Nossa Senhora de Torreciudad. A recuperação do bebé é evidente, contrariando os médicos, e assim iniciar-se-ia a sua caminhada pelos destinos que Deus lhe havia traçado: “O Senhor fez-me ver que me conduzia pela mão”.
Por volta de Dezembro, e com a neve que caíra, a região de Barbastro tinha sido decorada com um manto branco. S. Josemaría, contemplando o presépio da família, ouvia com grande alegria a sua mãe cantar uma quadra tradicional da Catalunha: “Mãe, na porta há um Menino, mais formoso que o belo sol, dizendo que tem frio…”. Deus falou com S. Josemaría nesse momento, e transformaria o seu coração, quando viu um carmelita descalço (o Padre José Miguel da Virgem do Carmo), a deixar várias pegadas na neve. S. Josemaría saiu a investigar aquelas pegadas, e ficou com um pensamento em mente: “aquela alma caminhava descalça por Cristo; a sua alma, porém, que sacríficio fazia pelo seu Deus?”.
Posteriormente a este acontecimento, S. Josemaría escolheu esse frade carmelita como seu director espiritual. O sacerdote, algum tempo depois, e tendo compreendido que S. Josemaría tinha vocação ao sacerdócio, propôs-lhe que entrasse na Ordem. Surgiria a sua oração: “Senhor, que eu veja – e que eu seja!”. A vontade de Deus para S. Josemaría, porém, não o levaria à Ordem do Carmo, mas a outros desígnios.
Na Europa do pós-Primeira Grande Guerra (que afectou igualmente os países neutrais, como Espanha), S. Josemaría reflectia acerca do seu futuro. Depois de comunicar ao seu pai que desejava seguir o sacerdócio, ao que o seu pai respondeu: “meu filho, pensa bem nisso. Os sacerdotes têm que ser santos… é muito duro não ter casa, não ter lar, não ter um amor na terra. Pensa-o bem um pouco mais, mas eu não me oporei”. Respeitando o seu chamamento, acabaria por entrar no Seminário em 1920, correspondendo áquilo que sentia no seu interior: “Quando eu mal era um adolescente, lançou o Senhor em meu coração uma semente inflamada em amor”.

Em 1925, era ordenado sacerdote diocesano, prestando grande atenção à confissão dos fiéis: “sentai-vos no confessionário todos os dias, ou pelo menos duas ou três vezes por semana, esperando ali as almas, como pescador espera os peixes. A princípio, talvez não venha ninguém. Levai o breviário, um livro de leitura espiritual ou alguma coisa para meditar. Nos primeiros dias podereis aproveitá-los; depois virá uma velhinha e lhe ensinareis que não basta que ela seja boa, que deve trazer os netos pequeninos. Quatro ou cinco dias depois virão duas menininhas, e depois um rapazote, e depois um homem, um pouco às escondidas… ao cabo de dois meses, não podereis rezar nada no confessionário, porque as vossas mãos ungidas, como as de Cristo – confundidas com elas, porque sois Cristo -, estarão a dizer: “eu te absolvo”.


Com o inicio das conturbações políticas em Espanha, e o prelúdio da Guerra Civil, S. Josemaría dizia encontrou aí a vocação do próprio sacerdote: “servir é a maior satisfação que pode ter uma alma, e é isso o que nós, os sacerdotes, temos de fazer: dia e noite ao serviço de todos; senão não se é sacerdote. Deve amar os jovens e os velhos, os pobres e os ricos, os doentes e as crianças; deve preparar-se para dizer a Missa; deve receber as almas, uma a uma, como um pastor que conhece o seu rebanho e chama cada ovelha pelo seu nome”.
Em Outubro de 1928, durante um retiro, Deus mostrou a S. Josemaría (um sacerdote de vinte-e-seis anos), o encargo de fundar o Opus Dei – a Obra de Deus.
S. Josemaría havia visto Deus, descendo à Terra, como um Pai – abrançando a própria humanidade, e mostrando-se-lhes, com toda a naturalidade, em todos os afazeres terrenos. S. Josemaría entenderia aí – que “não há no mundo nenhum trabalho humano nore que não se possa divinizar, que não se possa santificar”. Esta tornar-se-ia na centralidade do carisma do Opus Dei: a santificação através do trabalho, de todos os seus membros. “(…) veio ao meu pensamento, com força e clareza extraordinárias, aquilo que diz a Escritura: “Quando for exaltado da terra, atrairei a Mim todas as coisas”. Ordinariamente, perante o sobrenatural, tenho medo. Depois vem o: “não temas!”, sou Eu. E compreendi que serão os homens e mulheres de Deus quem levantará a Cruz com as doutrinas de Cristo sobre o pináculo de todas as actividades humanas… e vi triunfar o Senhor, atraindo a Si todas as coisas”.





