

Vida Eucarística
A grande mensagem de Alexandrina é a sua vida eucarística. Desde criança que sente uma especial união com Jesus Eucaristia. Será o centro de toda a sua vida e espiritualidade. Será a vítima e a mensageira da Eucaristia.
Primeira Comunhão
Enquanto Alexandrina vivia na Póvoa de Varzim (1911), deu-se a sua Primeira Comunhão, um momento especial e de referência para a sua vida:
«Foi na Póvoa de Varzim que fiz a minha primeira Comunhão, com sete anos de idade. Foi o Sr. Padre Álvaro Matos que me perguntou a doutrina, me confessou e me deu pela primeira vez a Sagrada Comunhão. Como prémio recebi um lindo terço e uma estampazinha.
Quando comunguei, estava de joelhos, apesar de pequenina, e fitei a Sagrada Hóstia que ia receber de tal maneira que me ficou tão gravada na alma, parecendo-me unir a Jesus para nunca mais me separar d’Ele. Parece que me prendeu o coração. A alegria que eu sentia era inexplicável. A todos dava a boa nova. A encarregada da minha educação levava-me a comungar diariamente.»
(Autobiografia; pág.5)

Igreja Matriz da Póvoa do Varzim, onde Alexandrina
recebeu a Eucaristia pela primeira vez.
Na doença, vive da Eucaristia
Alexandrina alegra-se em receber Jesus na doença:
«Ontem, tive a consolação de receber o meu querido Jesus. Eu tinha o costume de pedir a Nossa Senhora que enviasse uma multidão de Anjos, Querubins e Serafins acompanhar o meu Jesus do Sacrário até junto de mim e de vir Ela com outra multidão de espíritos celestes, preparar o trono da minha alma para eu receber Jesus e no fim dar-lhe graças por mim. Desta vez assim foi. Depois que recebi a Nosso Senhor, que paz eu sentia!»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 29/01/1935)

Desejo de Comungar sempre
Um sacerdote levava-lhe a Sagrada Comunhão diariamente mas, a partir de 1933, o Pe. Leopoldino, pároco de Balasar, fazia-o com menos frequência. Mais tarde, voltaria a receber diariamente a Sagrada Comunhão.
Quando se via privada de receber Jesus diariamente, Alexandrina ficava muito triste.
«Com grande mágoa e saudade lhe digo que ainda não tornei a receber a Nosso Senhor. Se eu pudesse pagar e me trouxessem o Nosso Senhor por dinheiro, quanto não daria eu! Mas paciência, tenho feito muitas Comunhões espirituais com o maior fervor que tenho podido, e Nosso Senhor vai-me dando a recompensa. Vai ver como o bom Jesus tem sido meu amigo.»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 27/09/1934)
«Meu Padre, ainda não tornei a receber o meu querido Jesus desde o dia 13. Ai, meu Deus, que pena eu tenho! Peça muito a Nosso Senhor, que por sua infinita misericórdia, Se digne a dar algum meio a isto.»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 29/01/1935)
«Eu continuo muito doentinha, mas tenho tido a consolação de receber Nosso Senhor todos os dias. Isto só por um milagre do Céu, pois o Sr. Abade nunca me fez tal. Algumas vezes recebo o meu Jesus e fico muito desconsolada. Bendito Ele seja! Tudo é permitido por Ele; seja em tudo feita a Sua Santíssima vontade.»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 06/06/1935)
«Tenho recebido todos os dias o meu amado Jesus; apesar de não ouvir sempre a Sua Divina voz, tenho dias, oh! Como eu me sinto bem com a Sua Divina presença sacramental em mim. Que paz eu sinto em minha pobre alma! Como eu sinto desejos de O amar sempre cada vez mais! Hoje recebi-O, mas não tinha muito fervor; mas já tem sido pior. Sabe o que me parecia ver? De cada vez, mais grandeza em Nosso Senhor, e a mim me parecia ser cada vez mais pequenina: parecia que me aninhava, que me punha de rasto.»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 29/06/1935)
«No dia 28/06 preparei-me o melhor que me foi possível para receber o meu querido Jesus, pois tinha grandes desejos de fazer uma Comunhão mais fervorosa do que nunca e desejava fazer assim todas as outras daqui em diante. Chegou o meu Desejado, recebi-O e fiquei por algum tempo em colóquios amorosos com Ele.»
(Cartas ao Padre Mariano Pinho; 28/06/1935)
Em 1937, volta a receber Jesus diariamente:
«Havia talvez um ano que recebia diariamente Nosso Senhor, pois até aí recebia-O raras vezes no mês, o que me fazia sofrer muito e sentir muitas saudades de Jesus. Não sei o que foi, mas talvez um milagre, que levou o Senhor Abade a trazer-me Nosso Senhor todos os dias. Eu pedia a Jesus esta graça e tinha quem a pedisse muito por mim. Foi uma das minhas maiores alegrias alimentar-me do Pão dos Anjos todas as manhãs.»
(Autobiografia; pág. 43)
Uma grande crise
Em 1937, Alexandrina passa por uma grave crise de saúde. Sucedeu-se o seguinte episódio:
«Neste período da minha doença – não sei se de manhã, se de tarde – vi entrar no quarto o Senhor Abade e, conhecendo-o, disse-lhe:
“Eu quero receber Nosso Senhor.”
Ele respondeu-me:
“Sim, minha menina, vou buscar-te uma hóstia por consagrar e, se a não vomitares, trago-te Nosso Senhor.”
Assim o fez. Logo que engoli a hóstia por consagrar, imediatamente a vomitei. Sua Reverência estava para desistir em me trazer Nosso Senhor, e alguém disse:
“Sr. Abade, uma hóstia por consagrar não é Jesus.”
Foi então que se resolveu a ir buscar uma consagrada. Recebi-a e não vomitei. Nunca mais deixei de receber Jesus Sacramentado por causa desses vómitos. Quantas vezes entrava o Senhor Abade no meu quarto para me dar Nosso Senhor, e eu a vomitar! Logo que recebia Jesus, cessavam os vómitos, nunca vomitando antes de passar meia hora. Como era assim, o Senhor Abade nunca temeu em me dar a Comunhão. A crise durou bastante tempo, mas durante dezassete dias, estive sem tomar nada, absolutamente nada. A minha medicina foi Jesus.»
(Autobiografia; pág. 43)




